segunda-feira, 21 de março de 2011

E-books, e-readers... Qual o nosso papel nisso tudo?

José Luis Tahan - 14/03/2011



Lendo este periódico ultimamente chego a um panorama digital no qual os livros de papel parecem coisa do passado. Ou melhor, de um presente falimentar, à míngua, à espera da estocada no lombo, certeira, dada pelo toureiro da pós-modernidade-high-tech.

Contra fatos não existem argumentos, mas o legal é agonizar com alguma fleuma. Quem estiver sem essas pulgas atrás da orelha que finja que não dá uma comichãozinha.
Como um livreiro e editor da era do papel - como quase todo mundo - me sinto um tanto perdido, misto de E.T. com Dinossauro, um pé nos bytes e outro nas árvores de replantio.
Pois é isso, hoje a minha coluna é um comentário de leitor do Publishnews, um leitor aparvalhado, inseguro e ao mesmo tempo confiante. Explico. 
Acho sim que a coisa está feia, as grandes redes crescendo e as pequenas dançando miudinho, mordendo carne de pescoço, vendendo fundo de catálogo pois as novidades estão num leilão às avessas em brigas de etiquetas com mega-livrarias, lojas de departamentos ou supermercados.
Tudo bem, até agora só esperneei, reconheço, vamos agora aos meus sentimentos otimistas.
Neste futuro próximo acredito que as livrarias que tiverem um perfil, um gosto próprio, terão como se defender muito bem. Os leitores ficarão com cada vez mais informação nos seus equipamentos de mão, e-readers. Mas, ao mesmo tempo, vão precisar esquentar essa maçaroca de ofertas com alguma opinião. Se o livreiro aguentar firme e se adaptar aos novos tempos (não me pergunte como!) ele será o interlocutor deste leitor, em suas agradáveis livrarias.
Por sua vez, as redes vão encolher. Para que tantos metros quadrados se não precisaremos de grandes estoques?
Ficarão no mercado os que sabem de conteúdo, os sobreviventes, as baratas saídas da Metamorfose, de Kafka.
Com todo este pensamento, que vai pra lá e pra cá, já tomei uma decisão: o nosso primeiro e-book sairá do forno (melhor dizer HD?) por estes dias, já esfrego as mãos, meio sem jeito, mas que esfrego, esfrego!

José Luis Tahan

Dono da livraria Realejo na cidade paulista de Santos, José Luis Tahan gosta de ser chamado de "livreiro". Acha mais específico do que "empresário" ou "comerciante", ainda mais porque gosta de pensar o livro ao mesmo tempo como obra de arte e produto. Zé Luis tem 38 anos, a metade deles dedicados a este ofício, o de vendedor de livros. Pela ordem, gosta de desenhar, ler, escrever e jogar futebol. 


Fonte: Publishnews 14/03/2011

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