sexta-feira, 15 de abril de 2011

Fundação para livros em braile completa 65 anos

Em 2011, a iniciativa de uma mulher que mudou a vida dos deficientes visuais no Brasil está completando 65 anos, como se vê na reportagem de Alan Severiano.

Foi de repente. Aos 33 anos, a vida deu uma reviravolta. As veias da retina se romperam e o advogado Marcelo Panico perdeu quase toda a visão. “Foi um luto de se fechar em casa no meu quarto. Eu pensei que a vida tinha realmente acabado”, lembra.

Isso faz oito anos. Hoje, com a ajuda de um cão guia e de um programa de computador, ele faz parte da equipe de advogados de uma multinacional. “Eu reaprendi a fazer o que sabia de outra forma e hoje convivo bem com esse aparato tecnológico”, declara.

O recomeço não foi fácil, como acontece com todos que passam pela Fundação Dorina Nowill, em São Paulo. A instituição leva o nome da pedagoga que ficou cega aos 17 anos e foi a primeira deficiente visual a estudar em uma escola regular.

Nos anos 40, eram raros os livros em braile no país. Convencidas de que eles eram essenciais para a inclusão do deficiente visual, Dorina e um grupo de amigas criaram a "Fundação para o livro do cego no Brasil". O que era uma pequena gráfica virou a maior editora de livros em braile da América Latina, uma instituição sem fins lucrativos, administrada por voluntários.

Por ano, 64 mil livros são distribuídos gratuitamente para bibliotecas e deficientes visuais em todo o país. Além de publicações em braile, tem também livros digitais e os livros falados. Assim, muitos reaprendem a ler, a entender formas, a se localizar.

Outros dão os primeiros passos. Os bebês são estimulados para evitar atraso no desenvolvimento. “Geralmente, eles demoram mais para engatinhar, eles demora mais apara andar. Quando a gente estimula, eles aprendem naturalmente. Isso vai ajudá-lo na sua expressão corporal”, explica a fisioterapeuta Márcia Silva.

Entre consultas e terapias, são 18 mil atendimentos por ano. “Não é lugar de coitadinho, ninguém tem pena. Ele tem a deficiência. Ele precisa superar uma barreira, mas fora isso é uma pessoa capaz de realizar seus desejos, e é isso que Dorina nos ensinou”, destaca o presidente da Fundação, Adermir Ramos da Silva.

Bruno segue esse caminho. Nasceu cego, passou a frequentar a fundação e, aos 11 anos, tira de letra o convívio na escola com crianças que enxergam. “Não adianta você viver em um ambiente que só tem pessoa que tem o seu problema, senão você não vai se acostumar com o mundo”, comenta.

Veja a reportagem.

Jornal Nacional - 11/04/2011 

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